A queda da Euribor continua. As taxas Euribor desceram hoje a três, seis e 12 meses e atingiram novos mínimos históricos.
A taxa Euribor a seis meses (a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação) desceu hoje para -0,488%, um novo mínimo de sempre.
Também a Euribor a três meses caiu para um mínimo histórico, ao fixar-se em -0,509%, assim como a taxa a 12 meses, que se fixou em -0,458%.
As taxas Euribor estão em terreno negativo desde 2015 e os analistas esperam que se mantenham negativas ou perto de 0% nos próximos anos devido sobretudo à política de estímulos monetários do Banco Central Europeu (BCE) para fazer face à crise, o que tem impacto positivo nos créditos bancários, que estão mais baratos.
Boas notícias para quem vai comprar casa
Estas notícias são boas para quem está a pensar comprar casa nos próximos meses. A prestação será necessariamente mais baixa. Mas aproveito esta oportunidade para lhe recordar que não deve aproveitar esta “benesse” para comprar uma casa “melhor” e mais cara só porque a prestação lhe permite fazer isso. Claro que pode fazê-lo, mas isso é muito perigoso. É que pode estar a comprar uma “bomba-relógio”.
Se aproveitar para comprar uma casa mais cara do que as suas condições permitiriam, por um prazo maior do que deveria (30 ou menos anos é o ideal) a sua prestação pode ser de “sonho” agora, mas quase de certeza que daqui a algum tempo essa prestação (por via do regresso da Euribor a valores positivos, associada a uma valor em dívida muito alto) pode tornar-se um pesadelo.
Claro que sei que não é isto que quer ouvir ou ler, mas não me sentiria bem comigo mesmo se não lho dissesse mais uma vez.
Quando falamos em viver abaixo das suas possibilidades (não é viver dentro das suas possibilidades – isso é o que todos tentamos fazer) é conscientemente comprar uma casa por um valor que lhe permite ter uma margem de segurança no futuro. A soma de todos os seus créditos nunca deve ultrapassar um terço da soma (33%) de todos os rendimentos familiares.
Ou seja, se um casal ganhar 1.400 euros (700 cada um) e assumir uma prestação de 300 euros agora, tem de lembrar-se que se a prestação no futuro chegar aos 500 euros, a taxa de esforço já vai ser de 35%. Ou seja, já terá ultrapassado a “linha vermelha”.
Portanto, ao simular hoje a sua prestação do crédito à habitação faça as contas ao que pode vir a pagar no futuro e não ao que vai pagar agora. Isto é difícil? É. Mas não estou aqui para lhe dar conselhos fáceis. Você fala o que considerar melhor para si. Mas se fizer isto, está a tratar o seu futuro financeiro com responsabilidade. Avalie.
Escrito por Pedro Anderson